Mulungu, mucunã, olho de pombo, feijão bravo, mucunã preta.
Sementes, folhas e frutos da Caatinga com nomes estranhos para muita gente,
viram colares, brincos e pulseiras e são fonte de trabalho e renda de jovens do
Sítio Riacho Fundo, emCarnaíba (PE). Formado há pouco mais de um ano, o grupo
já passou por lutas e vitórias até se organizar na comercialização das chamadas
biojoias.
O estudante Edvaldo Moreno, de 20 anos, relembra as
dificuldades do início e as que ainda permanecem: “a princípio, o grupo tinha
nove pessoas e todos mostravam interesse, mas com o passar do tempo alguns se
distanciaram do grupo, uma parte casou, outros viajaram e outros simplesmente
desistiram. Até pensamos que o nosso grupo iria acabar, mesmo sem ter
começado”.
Foi a partir das oficinas de confecção das biojoias que o
grupo passou a acreditar no seu sucesso: “foi com a iniciativa da Diaconia que
nos envolvemos no compromisso de ‘botar o grupo pra frente’. Quando houve a
oficina, na mesma semana começamos a fabricar mais produtos.”
Os jovens da localidade, que também precisam se deslocar até
à cidade para estudar, ainda obtêm renda com outras atividades, como a criação
de animais, a agricultura ou o artesanato, caso de Edvaldo. Jovens como
Missilene Ferreira e Lyedjo Pereira, anteriormente apoiados pelo projeto
Juventude Arte e Cultura (JAC), hoje facilitam as oficinas no manuseio das
sementes e ferramentas, como furadeira e tesouras, na atenção aos cuidados ao
armazenar e selecionar as sementes, além de dicas úteis, como alternar as cores
do colares para dar destaque à peça.
“O acompanhamento dos membros da Diaconia nas reuniões foi
fundamental para nossa formação. Eles estavam dedicados em abraçar nossa causa,
em tentar mudar nossa realidade de vida e em nos mostrar coisas maravilhosas
que possuíamos, mas que desconhecíamos”, comemora Edivaldo.
“Essas atividades são de excelente aprendizado para jovens e
mulheres. O grupo mostrou grande interesse participando e criando peças, e já
compartilha os conhecimentos entre a comunidade a partir do aprendizado. Outros
grupos já querem que aconteça um momento com os jovens e as jovens locais, para
atender um número ainda maior”, revela Sandra Rejane Pereira, assessora
político-pedagógica da Diaconia no Sertão do Pajeú.
Artesanato e Meio Ambiente - O trabalho com artesanato
também fortalece a consciência sustentável dos(as) jovens na relação com a
natureza: “é um trabalho artesanal muito legal, pois além de estimular nossa
criatividade, contribui para a preservação de diversas árvores nativas de nossa
região. Como dependemos dessas árvores para trabalhar, nos preocupamos cada vez
mais em preservá-las”, destaca Edivaldo. Os exemplares são produzidos
rapidamente e têm tido boa aceitação nos eventos da região, mesmo com o grande
desafio do grupo de encontrar pontos comerciais para comercialização fixa nas
cidades.
Fonte: www.blogdocauerodrigues.com
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