Do DP
A presença do zika vírus foi encontrada de forma ativa, ou
seja, com potencial capacidade de infecção, na urina e na saliva. O anúncio
inédito foi feito durante entrevista coletiva concedida na manhã desta
sexta-feira pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro. A
revelação toma como base a análise de amostras de dois pacientes com sintomas
compatíveis com a doença. No entanto, a descoberta pode não ter relevância,
sendo ainda necessário investigar se existe risco de transmissão viral por estas
vias. Até hoje, a forma de transmissão comprovada da Zika é pela picada do
mosquito Aedes aegypti, vetor ainda da dengue e da chikungunya.
“Isso é um feito inédito. Foi encontrado o vírus da Zika
nesses dois flúidos: urina e saliva. Isso já podemos dizer. Inclusive em alguns
casos você tem um grau de permanência maior do vírus na urina que no sangue.
Com relação à saliva, teremos outras evidências, mas por uma série de razões é
possivel pensar que essa não será uma via significativa de transmissão. A presença
do vírus é uma possibilidade de mais uma forma teóricamente possível de
infecção, uma vez que o vírus chega ao organismo”, disse o presidente da
fundação, Paulo Gadelha.
Questionado sobre a possibilidade de aumento no contágio
durante o carnaval, ele respondeu: “A evidência de hoje não nos traz uma base
para dizer que as pessoas não possam brincar o carnaval. A precaução maior deve
ser tomada por aquelas pessoas onde há uma maior gravidade ou potencial maior
de dano, que são as gestantes. O bom senso e a saúde pública nos permitem
indicar isso, mas além disso, seria uma sitiuação não fundamentada e nós não
estamos fazendo isso”, ponderou.
Gadelha enfatizou que a presença do vírus no sangue e na
saliva não significa a capacidade de transmissão no sentido da saúde pública.
Segundo ele, uma série de pesquisas serão feitas para elucidar essa questão.
“Dado o estágio das evidências, uma série de medidas cautelares, principalmente
voltadas para as gestantes, deverão ser anunciadas”, acrescentou.
Sobre a comprovação de relação do vírus Zika com os casos de
microcefalia, ele acrescentou: “O que a gente está avançando é que há
evidências fortíssimas, mas se você pergunta se há uma prova científica da
relação causal com o Zika e a microcefalia, essa prova não temos ainda, mas a
saúde pública, a própria ciência e o bom senso nos permite dizer isso. São
estudos que a própria Fiocruz também está fazendo. Nós somos referência em
medicina fetal no Brasil e estamos mostrando que o vírus atravessa a barreira
sanitária, a defesa do feto e é capaz de se espalhar por outras áreas, causando
o aumento no surto de Zika e casos de microcefalia.
Sobre os exames que a Fiocruz desenvolveu em conjunto com a
Fundação Carlos Chagas, Gadelha apontou que os testes detectam em um mesmo exame
os vírus da dengue, zika ou chincungunya ou concomitância desses vírus, como
aconteceu na Colômbia. Segundo ele, a rapidez com que o Brasil decretou estado
de emergência e reuniu de forma organizada todo potencial de pesquisa
internacional está sendo essencial para que se chegue a uma conclusão. “Não dá
pra fazer previsão, mas os protocolos de pesquisa estão sendo desenhados e
vamos estar repartindo isso”.
Fonte: nilljunior.com.br
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